Texto escrito por Jessica Allana Grossi
Audiodescrição por Thamyres Gomes dos Santos
Imagens por Jessica Allana Grossi
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O livro é composto por 131 crônicas de cidades como Ponta Grossa, Castro, Carambeí e Curitiba. A autora reuniu estes textos que foram publicados na coluna Sherlock Holmes Cultura de 2014 a 2018. É uma tentativa de abraçar e retratar o tempo, em um dos formatos mais artísticos que conhecemos. A crônica literária.
Não é incomum ver escritores publicando em nossos jornais, aliás isso ocorre desde os tempos do Brasil Colonial. Tivemos Machado de Assis e Clarice Lispector, e em Ponta Grossa, temos Anita Philipovsky.
Estas crônicas não são as primeiras a serem desenvolvidas e nem as últimas na cidade, e o objeto da escritora foi cumprido com louvor. Além de uma obra poética, o livro de Renata é histórico, não só pelas fotos dos fotógrafos ao longo do livro e nem do mapa elaborado pelo historiador Brendo Francis Carvalho, mas sim por retratar fragmentos culturais tão importantes da nossa região com extrema realidade. Ela não deixa de pontuar aqueles monumentos que estão em avaria, nem coloca flores ao ver as coisas erradas, apenas pontua com graça.

O interior do livro contem diversas fotos. Foto: Jessica Allana Grossi.
Muito se discute sobre a cultura dos objetos, dos lugares e das pessoas. Quando a cultura nos oferece um objeto tangível como um livro, é mais fácil entender a importância das palavras escritas. Por exemplo, um dos textos da autora é sobre as praças da cidade de Ponta Grossa. É possível guardarmos as praças em nossos bolsos? É possível entregar uma praça de presente a um funcionário da sua empresa? Não. Podemos encostar nas praças, sentar em seus bancos, conversarmos com seus habitantes e ver os animais típicos da praça: pássaros e cachorros. Ao mesmo tempo que Renata relembra, pontua e glorifica, denuncia e pede proteção aos nossos bens culturais.
Um detalhe bem interessante é que os locais os quais ela fala ao decorrer das postagens são apresentados com fotos e também coordenadas geográficas que podem ser conferidas depois no mapa elaborado por Breno. O mapa vem junto com o livro e é outra leitura necessária para ele. É necessário para o observador cultural saber ler os mapas e também a história.
Ao nos convidar para refletir, Renata nos convida também para agirmos. A linguagem é o ponto de conexão entre o nosso mundo e o mundo dos outros. Como atingir os outros, é um trabalho que os escritores vêm se ocupando há muito tempo. Para isso existem livros, autores, pesquisas, cursos formais e informais, o aprendizado com o ouvido, contando os causos, nas academias de letras, nas ruas e praças.
Renata também pontua a cultura dos monumentos. Dos cemitérios, das casas, da arquitetura daqueles que estão e que já foram embora. Há alguém que discorde que a morte não é cultural? Qualquer ato de existência é cultural.
Quando um humano está escrevendo um texto, ele escolhe com muito cuidado as palavras que vai usar. Todas, sem exceção, têm significados muito apropriados para cada tempo. Renata é uma autora que conhece o significado das palavras e as escolhe muito bem. Gosta de fazer perguntas no meio do texto para ver se seus leitores estão prestando atenção.
Tanto nossa linguagem quanto nossa realidade , embora sejam diferentes, derivam dos nossos pensamentos. Nosso mundo é exatamente do tamanho das nossas palavras. Mas a linguagem não é apenas a palavra, e sim outros elementos como as fotos e mapas que ela utiliza em sua composição e é o que torna o livro Georreferenciamento Cultural tão especial.
É interessante notar que a publicação do livro da Renata só foi possível através da participação da autora no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE) da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura – Governo do Estado do Paraná.
Ficha técnica
Título: Georreferenciamento Cultural
Autor(a): Renata Regis Florisbelo
Editora: Editora Estúdio Texto
Cidade de publicação: Ponta Grossa – PR
Ano de publicação: 2022
Páginas: 255
Gênero: Crônicas
